Novo BLOG dos criadores dos 10 Pãezinhos. Muitas conversas e idéias sobre HQ, a arte e a vida.
:: Benvidos ao BLOG Os Loucos :: Site dos 10 Pãezinhos | E-MAIL ::
[::..Sites..::]
:: 10 Pãezinhos
:: TIRAS
:: FOTOLOG
COMICON 2003
Papo com Eduardo Risso
ROLAND
Estúdio Pinheiros
YELLO JELLO
KAKOFONIA
Laerte
Níquel Náusea
Kitagawa
Vida Besta
Neil Gaiman
BONE
Strangers in Paradise
Omelete
Universo HQ
Quanta Academia de Artes
Macmania
[::..Blogs..::]
Samuel Casal
Allan Sieber
Gustavo Duarte
Blog de Desenho
ORBITAL
Neil Gaiman
Pullovers
[::..Editoras..::]
Terra Major
Via Lettera
AiT/Planet Lar
Dark Horser
DEVIR
Conrad
Nona Arte
Brainnstore
[::..arquivo..::]

:: 29.11.02 ::

Escrever

Escrever nada mais é do que lembrar. Lembrar-se, primeiro, das palavras com as quais escreverá. Depois, buscar no que passou, no que não passou e no que só vai passar na sua cabeça algo para contar com essas palavras todas – serão tantas mesmo – que você tem de colocar para fora.
:: Fábio Moon 4:34 PM [+] ::

...
:: 28.11.02 ::
Se nosso desenho fosse diferente, seríamos piores?

Alguns artistas, quando estão pensando suas páginas, fazem esboços em tamanho reduzidos de cada página, os chamados thumbnails. Sendo, no mínimo, umas quatro vezes menor que o tamanho real da página, podendo chegar a meros centímetros de altura – o termo thumbnail surgiu por relacionar o tamanho diminuto dessas "páginas" à unha do dedão –, esses esboços requerem do artista uma certa simplificação no desenho, onde o importante é determinar mais o ritmo da página, a posição dos quadrinhos e o posicionamento básico dos personagens em cada quadro.

Eu e o Bá fazemos thumbnails e, quando estamos olhando aquelas versões "simplificadas" das futuras páginas, quase sempre paramos para pensar "será que a história funcionaria com esse estilo mais simples?"

Em primeiro lugar, pensamos no tempo poupado. Esse, seria muito grande e, nesse sentido, poderíamos contar mais histórias com mais páginas. Mas será que as histórias com esse desenho "limitado" não seriam "limitadas"? O que não estivesse no desenho e quisesse ser passado estaria no texto e, quanto mais simples o desenho, mais texto seria necessário? Será que o desenho simples pode transmitir as sutilezas de uma sequência inteira em silêncio?

Às vezes, penso que histórias com um desenho mais simples seriam, de fato, mais literais. O que está lá é o que a história quer dizer. Não há camadas de significado. Ao menos, não na imagem. Talvez haja profundidade com a imagem aliada ao texto, mas a imagem sozinha seria apenas um guia. Um guia simplificado ao mais básico, assim com o texto, que se simplificou ao mais reconhecível: a língua.
:: Fábio Moon 7:12 PM [+] ::

...
:: 27.11.02 ::
Como você prepara a sua história?
Possibilidades aleatórias que passam pela minha cabeça e, muitas vezes, pelo minha prancheta:

–Escreva a sua história. Não precisa ser um romance, um épico ou algo assim, mas escreva onde começa, o que acontece e onde ela termina. Escreva quem são os personagens, quais os seus nomes – se eles tiverem algum – e o que eles fazem. Embora muitas histórias são feitas "na hora", pensando a história página por página, eu sempre tento pensar a história inteira antes, para não me perder no meio do caminho.

–Rascunhos são uma opção atraente, embora nem sempre se tenha tempo ou paciência para eles. Mas é um jeito de começar a aquecer a mão e se acostumar com certos personagens antes de mergulhar na história, o que ajuda a manter uma unidade maior.

Thumbnails, aqueles famigerados esboços da página são, acredito eu, um mal necessário para histórias maiores. Esses esboços te ajudam a ver a história como um todo, te fazem pensar na continuidade de uma página depois da outra e, algumas vezes, já servem para te apresentar algumas dificuldades que você vai enfrentar quando chegar a hora de desenhar a página mesmo.

–Letras são tão importantes quanto o desenho. Não estou falando dos diálogos, mas das letras mesmo, pois o leitor tem que conseguir ler o que você escreveu. Como é que você aprende a desenhar uma árvore e não consegue desenhar um "b"? Tudo o que o leitor vê faz parte do visual que você cria e uma boa criação fica, até certo aspecto, "invisível", pois não incomoda.

–Tempo. Tenho tanto tempo... ou não. Então o tempo tem de ser muito bem organizado, tem que ter uma diciplina de trabalho e encarar com seriedade a profissão do quadrinhista.

De volta ao trabalho...
:: Fábio Moon 5:32 PM [+] ::

...
:: 25.11.02 ::
A idéia do rascunho é muito atraente.
Não precisa nem ficar um desenho bonito.
E resolve o problema de ter vontade de desenhar em qualquer lugar.

:: Fábio Moon 2:53 PM [+] ::

...
:: 21.11.02 ::
Não tenho muita coisa nova pra dizer porque minha mão pensou por mim esta semana, tendo em vista o volume incomum de trabalhos. Segue então um rascunho.

:: Bá 6:13 PM [+] ::

...
:: 19.11.02 ::
Hoje acabei uma história. De duas páginas. Levei quase um mês nela. E, justamente por ser uma história curta, demorou tanto.

Quando você não sabe o que dizer, geralmente você enrola. Se eu fosse enrolar, essa história estaria pronta antes e teria mais páginas. Mas, quanto mais tempo eu demorava em uma página, ou mesmo em um quadrinho, melhor a história ficava. Ficava enxuta. Ficava poética. Ficava, depois de quase um mês, pronta.

E, claro, uma das melhores coisas de se terminar uma história é a vontade imediata de já começar outra.
:: Fábio Moon 5:32 PM [+] ::

...
Para ajudar na divulgação do evento e para aqueles que ainda estão aprendendo e não sabem ainda onde encontrar cursos sobre o assunto, coloco aqui umas informações sobre um workshop de quadrinhos que acontece esse final de semana, no Rio de Janeiro. Grátis!

Workshop de quadrinhos
com o artista Marcello Gaú


O workshop faz parte do Curso de Extensão Animação e Quadrinhos da Universidade Estácio de Sá e será realizado no dia 23 de novembro, próximo sábado, das 9 às 12hs no auditório da Estácio de Sá - Campus Centro 1 ( av. Presidente Vargas, 642 , próximo à Rua Uruguaiana e ao metrô Uruguaiana ). Será aberto ao público e terá entrada franca!!

Marcello Gaú foi capa, no início do ano, da matéria sobre quadrinhos independentes da Megazine e atualmente reside em Barcelona. Já ganhou vários prêmios ( Bienal Internacional de Quadrinhos, Festival Internacional de Quadrinhos , Salão Carioca de Humor etc ), fez ilustrações para artistas como Planet Hemp e Fernanda Abreu e revistas como República e General, publica na Heavy Metal americana , tem um livro de quadrinhos lançado pela Conrad ( o aclamado Fealdade de Fabiano Gorila, com prefácio de Aldir Blanc ) e agora produz uma série de quadrinhos para a Bélgica (com roteiros de Jorge Zentner para Editions du Lombard ). O workshop será sobre a experiência de trabalho de Gaú e visa uma troca de informações entre os artistas e demais interresados com um profissional brasileiro que fez seu nome no exterior, publicando hqs sobre os subúrbios cariocas.
:: Fábio Moon 9:48 AM [+] ::

...
:: 17.11.02 ::
Impressões

"Cada um, cada um", diriam alguns e, em especial, uma amiga minha que acabou instituindo essa expressão no vocabulário da minha família inteira. Não dá pra generalizar e, às vezes, é justamente em procurar o que há de mais particular em cada um que encontramos o denominador comum dos diferentes indivíduos: o detalhe. Você aprende sobre as pessoas a partir de seus detalhes, de suas particularidades, essa infindável quantidade de adjetivos a uma determinada pessoa por quem você pode passar anos sempre a descobrir coisas novas e confortavelmente familiares que você nunca tinha notado antes.



...

APRENDENDO

O melhor jeito de aprender é pondo a mão na massa. Se você quer desenhar, desenhe, desenhe e depois desenhe um pouco mais. Se você quer escrever, comece copiando a minha frase anterior sobre o desenho e, aí, substitua as palavras desenhe por escreva. Mas existe muito mais para se fazer no processo de aprendizagem.

História da Arte- Para que eu preciso estudar arte para fazer quadrinhos? Em primeiro lugar, todo meio visual deveria estudar arte e, em especial, a evolução da arte. É possível traçar uma linha de raciocínio sobre a evolução do uso da imagem através da história da arte. Esse raciocínio é um reflexo do momento em que a obra de arte é concebida e traduz uma mentalidade da época. Assim como na arte, nas histórias em quadrinhos o artista precisa estar atento ao mundo à sua volta e seu trabalho deve refletir um modo de ser, uma filosofia de vida, uma crença. A arte surge a partir de uma idéia e é preciso que você convença as pessoas a acreditarem nessa idéia, ou a ao menos pararem para pensar nela.

Detalhes- Não só no desenho o quadrinhista presta atenção aos detalhes do mundo e de seus personagens. Nas conversas, no dia-a-dia de qualquer situação cotidiana, nos olgares de uma noite bêbada e, principalmente, nas pessoas mais próximas de você. Se elas são livros abertos para você, não perca a oportunidade de dar uma folheada por entre as páginas.

Regue a sua planta- A imaginação é a planta. Ela precisa de estímulos externos, sejam eles profissionais, pessoais, sejam esses estímulos o resultado de muita leitura, muita TV ou muita conversa. Primeiro, você sai pelo mundo de boca aberta e engole o mundo. Só depois você pode se fechar num quartinho escuro para se isolar e trabalhar.
:: Fábio Moon 5:28 PM [+] ::

...
:: 14.11.02 ::
Praia

A praia é instrumental para o meu trabalho, mesmo que eu seja assumidamente um urbanóide. Várias experiências pessoais que, depois de assimiladas e filtradas em conteúdo filosófico, encontraram seu caminho até as páginas das minhas histórias vieram de dias – e noites – na praia.

–Há algo de auto-biográfico no Girassol e a Lua que tem a ver com praia.
Meu Coração, Não sei Por Que. foi uma história que nasceu de uma conversa uma noite na praia.
–O amor de Tarde para Café vem de uma lembrança de um dia na praia.
Outras Palavras foi inteiramente desenhada na praia.

Talvez seja o barulho do mar, talvez seja o cheiro de sal, talvez seja o sol, mas é sempre bom criar na praia, fugir da realidade dos outros e se encontrar na realidade do eu mais próprio que, às vezes, a gente esquece.

Ah, e eu adoro o mar.
:: Fábio Moon 3:39 PM [+] ::

...
Ontem sonhei que era o super-homem. Tinha os poderes e tudo mais. E fiz o que o super-homem nunca pensou em fazer no gibi.

Yoga.

No meu sonho, meus poderes voadores anulavam a gravidade do meu corpo, tornando as posições mais exigentes leves e tranqüilas. Eu me contorcia, dobrava, esticava e entortava em todas as direções com a maior facilidade. O ponto alto do sonho foi a ponte, aquele movimento – que acho que nem faz parte da yoga, devendo ter sido ativado no sonho por uma lembrança das aulas de educação física do ginásio – de ir arqueando as costas para trás sem tirar os pés do chão até que as mãos também toquem o solo. Sem peso nem gravidade, eu ia e voltava com as mãos, depois levantava os pés e plantava bananeira.

Então chegou a Lois Lane, que no sonho não tinha cara de Lois Lane, mas eu sabia que era ela. Um enorme salto qualitativo foi dado no meu sonho, fazendo minha yoga super poderosa flutuante com a Lois Lane se apoiando em mim.

Depois de me acompanhar nas pontes, nas bananeiras e em outros movimentos mais ousados, tive de concordar com o super-homem do gibi: a Lois Lane é uma gostosa.
:: Fábio Moon 1:39 AM [+] ::

...
:: 13.11.02 ::
A menos de um mês da exposição na Espanha

Dia 12 de Dezembro acontece a festa de abertura da exposição do "novo quadrinho brasileiro" em Madrid, na Espanha. Falta menos de um mês – uma parte de mim queria que ainda faltasse mais – e há tanto para se fazer.

Aliás, o que alguém faz para uma exposição do outro lado do oceano? O que eu posso levar para um país que não fala português? Será que eu tenho a cara de pau de tentar escrever algo em espanhol – porque a cara de pau de falar espanhol, mesmo não sabendo falar espanhol, eu já tenho – e transformar num pequeno fanzine"10 Pãezinhos español"?

Sempre que eu viajo, as pessoas me pedem um cartão. Eu nunca tive cartão. Primeiro, eu sempre achei um cartão só com letrinhas muito sem graça. Segundo, porque nunca achei uma imagem simples que fosse a síntese do meu trabalho. Mesmo assim, cheguei no meu limite e acabei fazendo um cartão para a convenção de San Diego que passou em Agosto. Não saí por aí distribuindo cartões, mas uma sensação confortável invadiu meu corpo quando as pessoas pediram um cartão e eu tinha. Me senti ainda melhor quando alguém com quem eu não senti nenhuma ligação me pediu o cartão e eu menti e falei que não tinha. O que antes era uma verdade virou uma pequena maldade.

A exposição terá um catálogo, com uma história de cada expositor. Eu e o Bá somos "um" expositor. Além da nossa história, vi pouquíssimas das histórias que os outros autores fizeram. Esse catálogo tem grande potencial de ser um livro de coletânia de boas histórias, coloridas (ou não, pois sempre tem um autor que diz que "o seu negócio é no preto e branco mesmo") e bem feitas. Bem feito para quem nunca colocou fé nos quadrinhos nacionais. Bem feito pra quem ainda não coloca fé nos quadrinhos nacionais, apesar deles existirem. Fica a vontade de trazer milhões de catálogos da Espanha e começar um mercado negro deles por aqui. Vamos ver quão grande minha mala fica.

Ao mesmo tempo que acontece a exposição, outra exposição dividirá o Instituto da Juventude de Madrid, a de novos ilustradores espanhois. Se isso não resultar em novos contatos, pelo menos vamos conhecer muita gente jovem que vai saber quais são as melhores baladas de Madrid.
:: Fábio Moon 5:56 PM [+] ::

...
:: 12.11.02 ::
Música do silêncio

Eu adoro música, mas não sou daqueles que só trabalha com o rádio ligado. Muitas vezes, passo horas na prancheta em completo silêncio. Talvez não completo, tendo que dar atenção às minhas cachorras que latem, mas sem ouvir música. Claro que não tenho problema com isso, nem com música, fico com vontade uma hora e logo levanto, procuro um CD em especial – nunca tenho a preguiça de escutar somente o que estiver mais perto – e coloco para tocar.

Entretanto, acho a música essencial quando estou criando histórias, assim como poesia, pois existe um exercício de economia de palavras em ambos os gêneros que é importante quando você vai fazer uma história em quadrinhos. O personagem fala com a objetividade de uma letra de música, para que, no espaço de um quadrinho ou uma página, muito possa ser dito sem desperdiçar palavras. Você não pode ficar cansado de ler uma história e o autor não pode simplificar a ponto de se tornar superficial. Esse meio-termo é difícil de encontrar. Assim como a palavra certa para uma determinada melodia.

Ainda assim, eu penso em músicas em silêncio.
:: Fábio Moon 6:54 PM [+] ::

...
Eu estava andando pelo estúdio.

Pensando.

"Que história contar?"

Olhei para uma estante, vi meu conjunto de xilogravura e pensei na repetição infinita de uma mesma imagem e de que, no meu caso em particular, nenhuma cópia saía igual à anterior ou à seguinte. Logo comecei a pensar que esse tipo de impressão, igual mas diferente, não se resume à gravura.

E uma história começou a surgir daí...


:: Fábio Moon 3:59 PM [+] ::

...
:: 11.11.02 ::
Terminei "As incríveis aventuras de Kavalier e Clay", de Michael Chabom. Grande livro. Mesmo que você não seja um fã de quadrinhos – porque a história fala de dois autores (fictícios) de histórias em quadrinhos, Joe Kavalier e Sam Clay –, é uma grande viagem através da vida de dois rapazes que trataram de retratar as angústias e esperanças de uma época através do seu trabalho. Isso não é o que todo autor quer?

E isso não é nem um terço do mérito do livro, que está em nos carregar através de mais de 600 páginas sem que percebamos e, depois de tudo terminado, sem que queiramos que acabe.
:: Fábio Moon 3:48 PM [+] ::

...
:: 8.11.02 ::
Você se coloca em suas próprias histórias, mesmo que crie personagens completamente avessos à sua natureza que vivam coisas que você nunca viveu, sintam o que você nunca sentiu e digam o que você nunca disse. Você encontra a sinceridade do trabalho também na contradição. É como numa conversa, onde cada um dá a sua opinião. Sua história é a sua opinião, que pode ou não estar baseada no que você leu, estudou, viveu e sentiu. Sua opinião pode ser uma bobagem que você inventou e que não faz nenhum sentido. De todo modo, ainda é a sua opinião. Ainda é a sua história. E você é o responsável por ela.
:: Fábio Moon 4:29 PM [+] ::

...
Pela primeira vez no BLOG, imagens!!! rascunhos que fiz no fim de semana (já que ninguém comentou meu último post, só com textos).




:: Bá 4:13 PM [+] ::

...
:: 7.11.02 ::
A importância de olhar para os lados é crucial para melhor entender o que está na sua frente.
Em qualquer profissão, mas enfatizaremos aqui a importância para o quadrinhista, é de grande valia os intervalos entre um trabalho e outro e o que preenche este intervalo. A pausa do café, se bem utilizada, faz você voltar ao trabalho revigorado e acaba produzindo muito melhor. Isso também pode ocorrer com outros trabalhos, quando você tem mais de um, claro. Quando você está fazendo um certo trabalho A, você deixa de olhar diretamente por trabalho B e vê, assim, o outro lado deste trabalho. Você o vê com outros olhos.
Neste fim de semana fui a um festival de rock e, além de ouvir muitas bandas barulhentas (no bom sentido), pude fazer muitos desenhos das pessoas presentes, de detalhes como tênis, estampas de camisetas, pedaleiras e coisas afins. Fiz muitas poses e rápidas capturas de instantes das pessoas. Terminei o fim de semana energizado, cheio de vontade de criar algo mais com aquilo, voltar pra prancheta e colocar as minhas impressões numa história. Mas a história ainda teve que esperar um pouco.
Essa semana, ainda no rítmo musical, fiz um poster para uma banda. Não é uma história, não é uma caricatura, não é um desenho dos integrantes da banda, é a minha impressão do grupo e da sua música. E tudo feito à mão, nada do nosso amigo computador. Um desafio diferente, pensar em composições e cores que eu fosse capaz de fazer à mão (sou péssimo com tintas e coisas do gênero) e que, ao mesmo tempo, fosse uma leitura interessante das músicas da tal banda.
No fim das contas, fiquei satisfeito com o resultado final e já tenho vontade de fazer muitos outros como este. Mas agora tenho que voltar para o trabalho A, que me espera sedento pela energia que eu acumulei nessa semana.
Se bem que o próximo trampo que eu farei são ilustrações para uma apostila institucional. Esse é um trampo Z, mas também vai ajudar no A.

Fazer os racunhinhos durante o festival, desenhando na hora, direto a caneta, me lembrou os tempos de fanzine, desenhando no Borracharia, bebendo e papeando. Ótima nostalgia, vontade de fazer tudo de novo.
:: Bá 6:32 PM [+] ::

...
Dos Cadernos de rascunho

Agosto de 2002
"Com quantos personagens se faz uma boa história?
Mesmo o personagem solitário dialoga com o leitor em sua solidão, pois a história surge do diálogo. História em quadrinhos não é como teatro, não há monólogo. Você, enquanto leitor, determina o ritmo da ação dos personagens.
Personagens são idéias."

Outubro de 2002
"O narrador, observador atento da realidade, deve acreditar nas histórias de sua própria confecção para que outros também nelas acreditem."
:: Fábio Moon 5:10 PM [+] ::

...
:: 6.11.02 ::
Carona

–Vire aqui. – disse a moça.

–Aqui? Mas aqui não tem rua!

–Tem, sim. Vire! Já!

E eu virei, reduzindo o mais prudente que consegui, meu carro em direção ao muro de uma casa. Vindo pela rua escura – e imagino que não seria muito diferente se a rua estivesse clara – tive certeza de que o muro de uma casa juntava com o da outra. Não havia nem a esquina da calçada, apenas um resquício do que algumas pessoas menos preciosistas poderiam chamar de entrada para uma garagem. Mas eu vi que não havia garagem. Havia um muro. E eu virei o carro em direção ao muro.

Foi somente no meio do percurso da estreita ruela que descia, íngreme e disforme, em direção a outra rua lá embaixo, que percebi que havia mesmo um espaço entre as casas. Agora, se era mesmo uma rua, se tinha nome, se tinha placa ou até mesmo se tinha poste – o poste é a marca da metrópole –, fiquei a ver navios. Ou melhor, fiquei sem vê-los. Como disse, estava escuro.

Ao final da descida, viramos à direita e voltamos a uma rua mais normal. Não por muito tempo.

–Agora você vira de novo à esquerda, ali.

–ALI NÃO TEM RUA DE NOVO!!

–E cuidado que essa é duas mãos.
:: Fábio Moon 6:08 PM [+] ::

...
SSSIIIIMMMM!!!
Já que ninguém escreve e-mails comentando os nossos textos (porque e-mail dá muuuiiiitooooo trabalho), colocamos um sistema de comentários no nosso querido e esforçado blog. Já deu certo, pois mal eu coloquei no ar, já tínhamos um comentário.

Veremos se agora dá samba.
:: Bá 4:27 PM [+] ::

...
:: 5.11.02 ::
Minha mãe adora quadrinhos. Se não fosse por ela, talvez eu tivesse parado completamente de ler histórias de super-heróis e, de uma certa forma, não estaria vendo que alguma coisa boa acaba sendo feit ano meio de muita coisa ruim. Mas ela, que lê os gibis que saem em português – porque a necessidade de ler as histórias no seu original em inglês eu já perdi – vem toda semana falar sobre o que ela está gostando, o que ela não gosta e me perguntar o que eu acho.

Minha mãe sempre gostou do Wolverine, pois ela não acredita muito em heróis "acima do bem e do mal". Desde que começamos a ler quadrinhos de super-heróis – trocados em sebos em nossas viagem ao interior –, minha mãe viu no personagem o super poder que todo mundo quer ter: o de dizer o que pensa e que se dane o resto, pois não vale a pena viver a vida levando desaforo pra casa.

Hoje em dia, o Wolverine é mais "macio", menor Carcaju e mais urso de pelúcia, embora ainda retenha um pouco do charme original – o que, para a minha mãe, é uma mudança do personagem e não o simples reflexo da troca dos escritores, cada vez mais sofríveis. E, dessa leva recente de histórias, ela gostou das histórias do "Justiceiro" que, nas mãos do Garth Ennis voltou ao básico "mato-os-criminosos-sem-peso-na-consciência" e, agora, dessas histórias com o Nick Fury, também escritas pelo Garth Ennis, onde o herói não tem nenhuma frescura.

Meu pai pode ter tido uma influência grande nos poucos anos em que se interessou por ler quadrinhos – afinal de contas, foi ele que comprou (e leu ao mesmo tempo que eu) o meu Cavaleiro das Trevas, meu Whatchmen e o meu Moon Shadow – mas foi sempre a minha mãe que me mostrou o poder que uma boa história e bons personagens têm nas pessoas que por essas histórias se interessam e por esses personagens torcem. Ela sempre foi a melhor leitora de quadrinhos: não sabe quem escreveu, não sabe quem desenhou, não sabe se vendeu bem ou se foi um sucesso de crítica. Mas, se ela gostar, então não há o que se preocupar, pois quem lê quadrinhos há de gostar também


:: Fábio Moon 8:03 PM [+] ::

...
"A variedade é o tempero da vida", dizem. Não sei se pensaram também nas histórias em quadrinhos – que muita gente ainda relaciona com Mônica e super-heróis – mas acho que se aplica. Acho que, ao se deparar com quadrinhos dos mais variados tipos, você começa a perceber o que cada tipo de quadrinho tem de especial.

E eu tenho uma teoria de que, quando uma pessoa descobre um aspecto especial de qualquer coisa, essa pessoa fica, mesmo que por um momento, se sentindo especial também.
:: Fábio Moon 11:36 AM [+] ::

...
:: 1.11.02 ::
O Bá é extremamente visual. Tem uma idéia, logo faz um desenho. Faz um personagem. A partir daí, desse desenho, já começa a surgir a história, o clima e a perspectiva da narrativa.

Minha histórias costumam começar com uma palavra. Ou várias. As imagens colam dentro da minha cabeça e não querem sair mais, enquanto as palavras coçam. Coçam tanto que minha cabeça espirra outras tantas palavras.

E daí surgem as minhas histórias.
:: Fábio Moon 6:27 PM [+] ::

...
O BATE-PAPO foi uma ótima maneira de começar o mês. Ainda mais pela quantidade de perguntas interessantes. Aqui vão alguns momentos para os que perderam, ou para os que estavam perdidos dentro daquele caos.

14:20:05 - Nika: Quais os temas principais dos quadrinhos de vcs? De onde buscam inspiração e qual seria o público-alvo das historinhas?
Fabio: Sobre as nossas histórias, o que você vai encontrar em todas são personagens como eu e você, que tem problemas, se apaixonam, ficam bêbados e que, de vez em quando, se encontram em situações estranhas.
Nika: Ótimo! Histórias reais, nada de ficar só na mitologia....risos. Claro que um pouco de fantasia não faz mal à ninguém, mas quer ser mais viajante que o ser humano? (especialmente depois de algumas tequilas?)
Fabio Moon: A fantasia está em criar algo mágico que espelhe as maravilhas da nossa realidade.

14:24:03 - Bellini: e qual o primeiro passo para se lançar? Por exemplo, fanzine?
Gabriel Ba: Fanzine é importante pro artista saber seu rítmo, entender o funcionamento de uma revista, da "virada de página", de capa EEEEE... De distribuição. Você TEM que vender pro seu amigo, pra sua avó. EEEE eles vão te dizer o que acharam. Sozinho, você nunca vai sacar isso.

14:49:05 - Malena : Nas estórias de vocês, vocês procuram descrever situações cotidianas sobre o ponto de vista de vocês ou outras referências?
Fabio Moon: Sobre vários pontos de vista. Afinal, uma mulher vê uma situação de modo diferente de um homem. O personagem é que determina.
Malena : Acredito que a identidade de vocês é imprescindível, mas como vocês procuram a identificação com o leitor?
Gabriel Ba: Beleza de pergunta. Buscamos o mais profundo, aquilo que, de alguma forma, está em todos, em tudo. Colocamos isso por debaixo da trama, misturamos com romance, que todo mundo tem também, e temperamos com humor, que é fundamental. Ai, é só servir.
Fabio Moon: O leitor quer ser feliz, nossos personagens também. No meio do caminho, é preciso viver e se confrontar com certos desafios. Quem não passa por um problema, não sofre, não chora e não ama?

15:05:12 - Canibal: Vcs são um dos grandes responsáveis pelo interesse de mulheres por quadrinhos. Isso foi pensado e planejado ou aconteceu expontâneamente???
Gabriel Ba: Aconteceu e foi muito bom. A vida é assim.
Fabio Moon: A princípio, não foi planejado, mas se elas gostam, não podemos deixar essa oportunidade passar. É sempre ótimo poder compartilhar emoções e sentimentos com o público e a resposta feminina é única.
Canibal: Isso foi muito bom mesmo... uma opção à mais pra podermos fazer as mulheres de nossa vida entrarem nesse mundo bão... hehehehehehehe.... parabéns... acho que a sensibilidade que vocês escrevem é o diferencial e o atrativo pra elas.

:: Fábio Moon 4:52 PM [+] ::

...
Foi bem bacana o BATE-PAPO no IG. Valeu!! Todos que foram, o mais sincero Obrigado.
:: Bá 3:26 PM [+] ::

...

This page is powered by Blogger. Isn't yours?